14/03/13

Timisoara

Aqui o agrião, depois de meses de ausência, anda a moer-me a paciência para escrever qualquer coisa neste estaminé mal - amanhado.

É verdade, eu entristeci. O espírito de Natal abandonou-me e  a partir de agora este espaço será local de rebelião. Vá, nem tanto. Iremos apenas continuar a explanar as nossas aventuras, ou quase aventuras, na nossa segunda ida aos Balcãs.

Em jeito de conversa de café a escolha desses países foi feita com base na sua beleza, história e acima de tudo por serem países onde o nível de vida ainda é baixo. É possível com pouco dinheiro fazer-se uma viagem de sonho por estas Terras. É praia, montanhas, paisagens de cortar a respiração, vida nocturna, gente bonita e sei lá  mais o quê de coisas que fazem mesmo valer a pena visitar esta região.

Belgrado - Timisoara

Quero aproveitar este fantástico veículo de transmissão de conhecimento que é a internet para agradecer, aqui publicamente, aos senhores do hostel de Belgrado pelos conselhos assertivos e bons que nos deram relativamente à melhor forma de chegar a Timisoara. "The best way go to Timisora is by bus! It`s direct, faster and possibly cheaper!" E lá fomos nós...

Apanhamos o autocarro. Para nossa alegria o dito não abandonaria a Sérvia. Ficamos mesmo por Vrasc uma terriola perto da fronteira. Fixe, pensei eu. Saímos na estação de autocarros confiantes que haveria um autocarro de ligação ou outra coisa qualquer para podermos ir embora. Isto é que era bom. E eles falarem inglês também. Ficamos uma hora ali a tentar saber como poderiamos chegar à estação de comboios. Vou admitir, não queríamos gastar dinheiro no táxi mas também não queríamos ir pé... Quase que o senhor da estação nos dava boleia mas ficou-se mesmo só pelo quase.

Lá chegamos à estação compramos os bilhetes e seguimos viagem. Acho que no total demoramos 6/7 horas a chegar.


Timisora

Timisoara a nossa a primeira cidade Romena. A curiosidade era muita. A chegada à estação de comboios não foi muito agradável. Muitos ciganos e muitos cravanços. Um deles queria nos indicar um caminho rápido para sair dali, pois dizia que não era seguro estar ali...sim, claro! Agradecemos, e seguimos.

Mesmo à saída da estação perguntamos a um casal que estava a chegar se sabia qual a direcção para o Freeborn hostel. Txarám, vinham de lá e deram-nos um mapa. Há dias de sorte. Ainda nos deram umas breves dicas e a certeza que iríamos gostar muito da cidade. E assim foi. Amor à primeira vista.

Ainda sobre o hostel só tenho a dizer: Muito bom! O espaço em si não era nada de especial mas, o ambiente era muito bom. Tinha um bom espaço ao ar livre com mesas e uma mesa de ping-pong. Seguiram- se as lides do costume: deixar a mala, tomar banho, sair para dar uma volta no centro da cidade e jantar.

Nessa noite não havia grande movimento na cidade e estávamos cansados por isso aceitamos um dos concelhos do tipo do hostel e fomos ao Terasa D'Arc, um bar na margem do rio que se expande em jeito de exposição para um túnel debaixo da ponte, com esplanada num barco. Bebemos umas Timisoranas (a melhor cerveja da viagem), enquanto observávamos os corajosos que andavam pelo rio de gaivota. 

No dia seguinte fomos visitar as maravilhas da cidade. A cidade foi o berço da revolução e é descrita por muitos como a cidade mais europeia da Roménia.  A cidade é relativamente pequena, o centro histórico é fácil de percorrer a pé. Existem duas praças praças principais, vários parques e jardins quer no centro quer fora dele. É ainda uma das cidades universitárias mais importantes Roménia a par de Brasov, embora o campus seja mais na periferia. Há também um Museu dos Camponeses ( não fomos) mais afastado. No centro existe o Museu da Arte, situado na praça da União, e vale bem a pena a visita.

Catedral Ortodoxa
Praça da Vitória
Praça da União vista do Museu de Arte
Agrião.


No terraço do Casa cu Flori



Rio Bega






Conseguimos ainda assistir a um festival de folclore internacional, que não contava com nenhuma participação tuga infelizmente, e a uma manif. Melhor só mesmo quando chegamos a Sarajevo em 2010, e sem sabermos era altura das festividades de  "Carnaval" de Verão. Que maluqueira nem vos conto. Ou melhor contarei num post mais à frente. Pelo menos ficarão a saber parte do que se passou..eheheh

As doze badaladas bateram e não foram escutadas. Após algumas esplanadas e bares a noite foi passada numa cave, num antro bem ao estilo do NL e do Tendinha, com um grupo de grandes malucos Romenos. E se há povo que sabe divertir-se como nós são eles.

No dia seguinte levantar relativamente cedo e arrastar as malas para um táxi,  seguir para a  estação de autocarros e deixar a cidade.

Baci*








06/03/13

Sibiu (Hermannstadt)

Sibiu, também chamada Hermannstadt, é um dos principais centros culturais da Transilvânia e da própria Roménia, tendo sido Capital Europeia da Cultura em 2007.

A viagem para Sibiu, proveniente de Timisoara, foi feita de autocarro. Era relativamente moderno e a estrada era bastante razoável, a viagem durou cerca de 5h. Alguns trechos mais montanhosos demoraram mais mas foram também os mais compensadores em termos paisagísticos. Já perto de Sibiu, ainda tivemos a oportunidade de ver 2 camiões TIR capotados num espaço de 1 ou 2 kms.

Os infindáveis campos de Girassol...

 Chegados a Sibiu ao final da tarde, caminhamos até ao Hotel Ibis, excelentemente localizado e mais barato do que a maior parte das alternativas. A vista em nada ficava a dever aos hoteis mais caros circundantes:

Pena a janela não abrir... dá pra ter a ideia.
 Após o banho da praxe, seguimos para o centro histórico onde jantamos naquele que julgávamos ser o melhor restaurante que iríamos encontrar no país, Crama Sibiul Vechia. A entrada é um pouco escondida e o restaurante numa cave em pedra, em forma de tunel. Há música tradicional ao vivo, à base sopros. Muito bom, comida, música, atendimento, etc.

Pastrami e Polenta
 De seguida, uma pequena volta pelo centro, que foi o suficiente para encontrarmos dois "jovens" franceses que tinham sido expulsos do seu autocarro por trazerem um cão vadio desde a Grécia (era o protector de um deles quando dormiam na rua ou em jardins) e se recusarem a transportá-lo numa jaula. Curiosamente tinham outro autocarro no dia seguinte (queriam ir para Paris porque o dinheiro estava mesmo mesmo no fim), já tinham os bilhetes pagos (tal como os que anteriores) e continuavam sem jaula para o cão, dizendo que este ia ao lado deles.
  Acabamos a noite no Zen Garden Club, que tem uma vista explêndida, mesmo em frente aos principais hotéis e fomos dormir.

 No dia seguinte saímos cedo para visitar a cidade. O centro histórico é muito bonito, para mim provavelmente a cidade mais bonita da Roménia (das que conheci). Partes da cidade são medievais, outras da era do Império Austro-Húngaro. Anda-se bem a pé e conseguimos ver as principais atracções da cidade até depois ao almoço.


Piata Mare
parte da Catedral Evangélica, em obras de restauro

Fachada da Catedral Metropolitana (Ortodoxa) 
Casamento no interior
Frescos do interior
Pinturas numa entrada de um edifício (penso que religioso)

"Drácula Style"
Piata Mica (Pequena) ; por baixo da Torre, a passagem para a Piata Mare (Grande)

Perto da Piata Mica



 A cidade tem muitos museus mas tinhamos que optar... acabamos por decidir-nos pelo Muzeul Civilizației Populare Tradiționale, a 12 kms da do centro. Fomos de taxi, não me lembro do preço mas era barato desde que negociado de antemão.

 Na verdade o museu é um parque ao ar livre, com uma grande extensão, repleto de casas tradicionais antigas, moínhos, e alfaias agrícolas em redor de um lago. Fomos ao fim de semana e deu para perceber que apesar de receber alguns turistas estrangeiros, a maioria eram nacionais ou locais, sendo local de eleição para festas de casamento (vimos pelo menos 3, sendo que num deles a noiva logo à chegada foi dar uma volta de burro pelo parque sozinha - e nunca mais ninguém a viu).

 Recomendamos vivamente a visita ao museu, visto que dizem ser muito maior e melhor que o de Bucareste e mais barato. Um pormenor, à entrada foi a primeira vez que nos cobraram uma taxa pela máquina fotográfica (1 euro). Pagamos para a máquina mas não para o iPhone, o que obviamente se revelou um desperdício uma vez que tendo em conta a dimensão do parque ninguém tenta sequer controlar uma máquina que seja.

 















Casamento e respectivo catering:




 No final da tarde, estafados após ter visto os 2/3 mais interessantes do parque, regressamos à cidade, banho e jantar, desta feita na outra ponta da Piata Mica. De seguido tentamos explorar um pouco mais a noite de Sibiu mas rapidamente percebemos que a moda por aquelas bandas são os "típicos" pubs ingleses, em que no entanto a música parou nos inícios de 90. Se de início ainda tem alguma piada relembrar hits da nossa infância, apreciar o macho latino (romeno) louco de 1,5m a dançar qual Michael Jackson incessantemente ao lado da nossa mesa perante duas bifas aparentemente fufas e um gajo com pinta de alemão, com 2 m de altura, a tentar matar gafanhotos gigantes que ia vendo pelo palco (onde se juntam a dançar e tão rapidamente esvazia como enche, consoante a escolha o sonoro) entre outras típicas de quem está a alucinar, ao final de algum tempo e com o avançar da hora (após 3 pubs, todos eles próximos), decidimos procurar um sítio diferente e que estivesse aberto até mais tarde. Foi aí que começamos a perceber que na Roménia a noite se transfere sempre a certa altura para as discotecas nas aldeias... medo, muito medo... optamos por ficar na cidade e regressar ao hotel, pois o dia seguinte, o da partida, começava cedo.