18/10/16

Kazan



A nossa visita a Kazan foi um desvio do habitual percurso no comboio transiberiano, que aconselhamos vivamente a quem tiver oportunidade. Há duas estações de comboio na cidade, uma delas bem próxima do centro mas sem metro e outra na parte norte da cidade (Vosstanie Passajirskay) que fica longe do centro mas que tem estação de metro (Svernii Vokzal) que vai direitinha até ao centro. Chegamos pela primeira, com as malas às costas por 10/15 minutos até à rua central. Partimos, comodamente, pela segunda.

É a capital do Tartaristão, uma das repúblicas maioritariamente muçulmanas da Federação Russa. Os tártaros que compõem uma boa parte da sua população, migraram para esta zona aquando das invasões mongóis e ao longo da história tanto dominaram a região como foram perseguidos e deportados. Actualmente, Russos e Tártaros vivem em harmonia numa cidade cosmopolita e tolerante que se tem vindo a apropriar do "título" de terceira capital da Rússia, outrora pertencente a Nizhny Novgorod. Embora o custo de vida seja o mais elevado a seguir a Moscovo e S. Petersburgo, o preço de um bilhete de metro custa metade da primeira, 25 rublos, e a alimentação é significativamente mais barata.

Kazan afirma-se como a "capital do desporto" na Rússia e de facto é por causa do desporto que a maior parte dos ocidentais sabe que ela existe. No entanto, é uma cidade extremamente agradável que merece uma paragem de 1 a 2 dias, dependendo do que se quiser conhecer e da "sova" que se queira dar aos pés. Tal como Nizhny Novgorod, encontra-se na confluência dois rios: o Volga - o maior de toda a Europa - e o Kazanka, seu afluente.

A maioria das atracções da cidade encontram-se no centro, que se percorre muito bem a pé. A cidade, tal como as restantes cidades russas que visitamos até agora, dispõe de um eficaz sistema de transportes públicos com autocarros, trolleys, eléctricos e metropolitano em continua expansão.


A principal atração da cidade localiza-se no seu Kremlin, a mesquita Qolşärif É diferente de todas a que vi até hoje e foi a primeira vez que pude entrar calçado numa, isto porque o espaço reservado a visitantes é distinto dos espaço onde rezam os fiéis. Há ainda um pequeno museu islâmico no piso inferior mas os bilhetes são relativamente caros.



Ainda dentro do Kremlin outro dos atractivos da cidade, a Suyumbike, uma torre de 7 andares mandada erigir por Ivan, o Terrível após a conquista da cidade. Reza a lenda que este se apaixonou pela princesa tártara que governava a cidade e que esta terá aceite casar consigo caso ele conseguisse erguer a torre em 7 dias e poupasse o seu povo. Ainda segundo a lenda, Ivan aceitou e cumpriu o desafio, tendo a princesa desolada acabado por se defenestrar da própria torre a fim de evitar dar o nó. Já os factos históricos são bem diferentes, tendo a princesa existido mas acabado na prisão após a conquista da cidade, onde viria a passar o resto dos seus dias. A torre, tal como a de Pisa em Itália, tem vindo a inclinar-se com o passar do tempo, algo que é facilmente perceptível à primeira vista.


É ainda possível visitar uma bela igreja ortodoxa no Kremlin e das suas traseiras a vista é soberba. 





Daí é possível avistar aquele que será o edifico mais imponente da cidade, o recém acabado Palácio da Agricultura. É ainda possível avistar do outro lado do rio o Monumento da Família e o estádio do Rubin Kazan ao longe.


















Regressando à rua pedonal central da cidade, a ulitsa Baumana, o ideal é mesmo seguir a mesma até ao final. É possível ir de metro do Kremlin até à praça Tukaya, no final desta rua mas vale bem a pena ir a pé e há vários sítios incrivelmente baratos para comer comida tradicional russa e tártara. Um dos melhores sítios, e mais baratos, é mesmo a cantina (stolovaya ou столовая em cirílico) do nosso hostel, o Kazanskoye Podvorye Hostel. Já o hostel, tem bons quartos mas áreas comuns “sofrem” precisamente por a cantina ser tão concorrida entre os jovens locais que estes acabam por invadir as mesmas praticamente durante todo o dia.




Sensivelmente a meio da rua (na realidade será mais 2/3 depois do Kremlin) situa-se a Torre do Sino, visível de praticamente toda a cidade e que é perfeita para nos orientarmos na mesma. No final da rua, na praça Tukaya, há um um shopping com um aspecto algo “bizarro” por fora mas perfeitamente normal por dentro. Um bom sítio para reabastecer de mantimentos para o comboio.



Prosseguindo nesse sentido, há mais algumas igrejas sem muito interesse e uma pequena mesquita, já junto ao lago da cidade. 


Na ponta mais próxima do lago, situam-se dois grandes edifícios do período soviético: o Teatro Académico Tártaro e um dos polos da Universidade de Kazan. O ponto mais distante onde fomos, foi o Teatro de Marionetas, um edifício imponente recentemente construído. Nas imediações do mesmo, há uma pequena feira que tenta de certa forma imitar o Kremlin de Izmailovo em Moscovo, sem grande sucesso e que não merece de forma alguma a deslocação só por si.





Por fim, e isolado destas duas zonas da cidade, há o mercado. Como não podia deixar de ser, passamos lá um bom tempo a apreciar bancas que mais parecem retiradas de um mercado asiático. No interior, onde reinavam os tártaros, achamos a maior parte das pessoas extremamente afáveis e curiosas, querendo tirar fotos e pedindo que provemos os seus produtos. Já no exterior, a impressão foi a oposta, com alguns vendedores - russos e tártaros em proporção similar - a solicitarem que não fotografássemos as suas bancas. Termino o post com algumas das "iguarias" lá presentes:



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