04/11/16

Visto da Mongólia



Tirar o visto para a Mongólia pode à primeira vista parecer uma tarefa impossível ou demasiado dispendiosa para quem vive em Portugal (viajantes brasileiros actualmente não precisam de visto).
Quem estiver a pensar entrar no país de comboio a partir da Rússia ou da China, pode saltar para o último parágrafo pois pelo meio vou apenas relatar a nossa (des)aventura enquanto tentamos fazê-lo a partir de Portugal.

Primeiro contactamos o Consulado Honorário da Mongólia em Lisboa que, embora em clara contradição com o as informações disponíveis no site do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Mongólia, afirma não emitir vistos. Prontamente me indicaram para tratar do mesmo com a Embaixada em Paris pois, e passo a citar, "não deve ser difícil pois quando orientamos as pessoas para lá, elas geralmente não voltam a ligar". Provavelmente não voltam a ligar pois percebem que a vontade de fazer o que quer que seja ou até mesmo de fornecer informações minimamente correctas é nula!

Na realidade, e contrariamente ao mencionado pelo dito "pseudoconsulado", a Embaixada da Mongólia em Paris não trata de pedidos de visto por correio ou por transportadora expresso. Após várias tentativas de contacto, lá me orientaram para uma companhia particular (http://www.mon-visa.com) que se prontificou a tratar de tudo pela módica quantia de 110 euros por pessoa com envio normal (acrescidos do custo de envio da documentação e passaporte para França). Para envio expresso, acresciam 50 euros.

Pelo meio, tentei o Consulado de Barcelona em Agosto e até parecia ser uma boa opção (cerca de metade do preço, aceitavam envio por transportadora,  etc) Contudo, estava a pedir o visto demasiado cedo (só dá com 60 dias de antecedência), embora tenha explicado que em Outubro partia em viagem, e mandaram-me voltar a contactar a partir de 1 de Setembro. Tudo para me informarem que para além de o consulado estar fechado na segunda quinzena do mês (como já tinha lido no seu site), também iriam fechar alguns dias na primeira quinzena e como tal, teria que solicitar o visto urgente, com um custo de... 110 euros por pessoa, acrescidos dos gastos com a transportadora. Expliquei que provavelmente mesmo que fechassem um ou dois dias haveriam sempre 7 dias úteis para tratarem do visto num prazo normal, deram-me a entender que se assim o desejasse estávamos tramados.

Tentei então a Embaixada em Londres, a única que respondia prontamente a todos os mails mas com uma vontade de trabalhar similar ao Consulado de Lisboa acrescida de uma atitude extremamente arrogante (influência britânica, talvez?). Disseram-me para tratar disso com a de Paris pois ficava mais perto !!! Por fim, algures pelo meio da troca de e-mails mencionei que estaríamos em Irkutsk antes de lá chegar e disseram-me que poderia tirar lá visto. Na realidade, já tinha enviado uns dois mails para o dito consulado siberiano, um em inglês e outro em russo, sem obter qualquer resposta.

Por fim, restavam mais duas opções que foram descartadas logo à partida: uma delas era solicitar a uma agência que nos tratasse do visto. Contactei uma agência especializada em vistos no Porto que se prontificou a tratar de tudo em cerca de 3 semanas por um total de 300 e tal euros por pessoa! A outra opção, segundo a Embaixada Mongol em Inglaterra, seria o visa on arrival (permitido a cidadãos países sem embaixada) que teria contudo que ser pré-arranjado por uma empresa de tours na Mongólia.

Posto isto, restava-nos a opção de tirar o visto na Rússia. Segundo vários guias de viagem, incluindo o mais "conhecido" na actualidade, este seria um processo complicado: em Moscovo seriam implicativos e custaria cerca de 100 dólares, em Irkutsk demoraria sempre uma semana ou mais, etc. No entanto, lemos em algum lado que em Irkutsk por 60 dólares não demoraria mais de 5 dias úteis e como tínhamos mais do que isso em Irkutsk e Listvyanka, uma aldeia próxima, decidimos arriscar. Já em plena viagem ficamos aliviados quando lemos que alguém o havia tirado em 30 minutos.
Quando finalmente chegamos ao consulado em Irkutsk, fomos atendidos de imediato e não demoramos de facto muito mais do que isso, já com a ida ao banco para pagar o mesmo e ainda trocar dinheiro. Além do mais, não nos exigiram um terço da documentação que exigem no Ocidente, ao ponto de as minhas fotografias terem desaparecido e a simpática senhora me ter dito que não era necessário tirar outras quando me preparava para ir a uma loja do outro lado da rua. Melhor ainda foi o preço: 65 dólares pelo visto acrescidos de 5 dólares de taxa de processamento.
Então o que é preciso levar? O passaporte, reserva de uma noite de hotel e uma foto (que no meu caso foi opcional). Nada de carta de convite, bilhetes de comboio ou de avião (no caso dos primeiros, para comprar antecipadamente é um valente rombo) ou de tours a preços exorbitantes. Quem quiser também pode tirar em Ulan Ude a preços e prazos similares. Em Yekaterinburg também há consulado mas não faço ideia nem de custos nem de preços e sinceramente, dos 3 sitios seria o último que eu escolheria para passar mais do que um dia.
Para quem fizer o percurso no sentido inverso, Este-Oeste, também o poderá tirar no próprio dia em Hohhot. Em Pequim e Erlian também é possível fazê-lo mas nunca no próprio dia, já para não dizer que na capital, tal como em Moscovo, são mais "exigentes" e o preço mais elevado.

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