19/11/14

Vang Vieng

Poderia chamar-se sonho, quis chamar-se Laos


Transporte de Porcos, ainda em Luang Prabang
Vang Vieng era para ser o nosso segundo e último destino na curta escapadela ao Laos. "Felizmente", a Lao Airlines decidiu alterar o nosso vôo de regresso ao Vietname pelo que se tornou impossível regressar nele. Optamos então por regressar a partir de Vientiane, ficando Vang Vieng no meio do caminho. No entanto, a estrada a norte de Vang Vieng é bem mais montanhosa pelo que a viagem dura umas 4 a 5 horas, ao passo que para Vientiane são apenas 2h, 2h30.

Caminho até Vang Vieng


O Mundo sem humanos (ou com muito poucos humanos)

Primeiros arrozais à chegada

Vang Vieng era, até bem recentemente, um destino de festa algo descontrolado, onde abundavam álcool, substâncias ilícitas e saltos acrobáticos para as águas do rio Nam Song. Como devem calcular, o resultado por diversas vezes era desastroso (cerca de 20 mortos por ano) e como tal as autoridades decidiram não só encerrar mas também desmantelar os bares e pontões ilegais que existiam ao longo do rio, onde se proporcionavam tais actividades paralelas ao tubing, que consiste em descer o rio em câmaras de ar de pneus de camião. 

 O vilarejo é assim um sítio mais regrado mas ainda com um ambiente algo boémio, especialmente se tivermos em conta que estamos no Laos, onde há um recolher obrigatório a partir das 23h. A rua principal não é mais do que uma sucessão de restaurantes idênticos (com menus, extensos, também eles idênticos), lojas de souvenirs, uns poucos de bares e casas de massagens. A atracção principal é mesmo a vista circundante, bem como alguns pontos de interesse à volta da mesma. Há ainda uma variedade de actividades desportivas disponíveis, bem como passeios de balão de ar quente. Esta última era a nossa opção mas infelizmente como lá estávamos na época das chuvas, não havia balão para ninguém.


Vista do Hotel






Como só tínhamos 2 noites, optamos por actividades menos radicais (a mais difundida é a escalada) e fomos dar um passeio de Kayak pelo rio, incluído no pack do hotel. Ficam as fotos do passeio, que começou cerca de 10km a norte de Vang Vieng.



Jangada-ferry à direita






 Se em Luang Prabang a vida já tem um ritmo diferente, em Vang Vieng por vezes parece mesmo parar no tempo. Seguia-se Vientiane, a capital que não éramos para visitar.





20/09/14

Luang Prabang

Organizar esta nossa "escapadinha" ao Laos não foi nada fácil! Na nossa inocência - e também por condicionantes do percurso - optamos por ir ao Laos a partir de Hanoi. Afinal de contas achávamos que as ligações entre capitais (Hanoi e Vientiane no caso do Laos) seriam razoáveis. Não podíamos estar mais enganados, ao descobrirmos viagens por terra que levavam cerca de 24h, não raras vezes ultrapassando as 30 ou mais na época das monções, altura em que lá fomos... Acabamos por optar pelo avião, compramos as passagens à Lao Airlines mas um dos voos era da Vietname Airlines. Ambas viagens foram relativamente tranquilas, mas uma semana depois caiu um avião da Lao Airlines em Pakse :s Numa próxima viagem, provavelmente escolherei a China como porta de entrada no norte e eventualmente a Tailândia ou Camboja como porta de saída.


Por fim, de referir que inicialmente compramos voos de ida e volta para Luang Prabang, antiga capital.


Luang Prabang


 A chegada a Luang Prabang - ainda para mais vindo de Hanoi - é daquelas que não se esquece:

 Aterramos num aeroporto - moderno mas mais pequeno do que o de Ponta Delgada - mesmo ao lado da cidade mas rodeado de campos e montes. Lá saímos do avião e dirigímo-nos para a zona de chegadas, para a fila para Visa On Arrival. O visto rondavam os 25e por pessoa, mas variam (muito de acordo com a nacionalidade, sendo a mais cara a Canadiana).Quem pesquisar informação sobre o Laos ou o seu povo, pode ficar facilmente com a ideia errada de que estes são preguiçosos ou desorganizados. Logo no aeroporto, tudo isto se desmistificou:

 - a fila era organizada e haviam funcionários com inglês aceitável e acima de tudo, bastante prestáveis e pacientes;

 - há 2 impressos preencher, um deles encontra-se online mas também o posso disponibilizar; se o levarem já preenchido, é garantido que vão na frente da fila;)

 - após o processamento dos documentos e da emissão do visto, a saída é rápida, para um estacionamento vazio;

À chegada ao dito estacionamento, informamos o hotel da nossa chegada e menos de 10 minutos depois lá estava a carrinha à nossa espera! Antes de passar à cidade propriamente dita, uma nota (com algumas fotos) para o nosso hotel, provavelmente aquele onde nos sentimos melhor até hoje:

 "Le Bel Air Boutique Resort & Villa"

Cocktail de boas-vindas, a flor é natural embora não pareça;)
Cenário Magnífico, apesar das consequências das monções no jardim.
Quarto com vista para o rio Nam Khan'
 Após um check-in tranquilo, decidimos começar a percorrer a pequena mas deslumbrante cidade, eu de bicicleta, a Catarina a pé, até à base do monte Pho si. Fica o report fotográfico do "nosso" caminho até lá, por uma parte muito "local".

Ana Costa na ponte, o nosso hotel ao fundo, literalmente no meio da "selva"
Pescadores do outro lado do rio 
Vista do interior da ponte, onde só circulam motos
Uns dos cruzamentos principais de Luang Prabang






Como certamente já terão percebido, o budismo é, e tem-no sido por séculos, o motor da cidade.À excepção do turismo e das habitações dos locais, a cidade é dominada por templos e mosteiros budistas, o que faz com que a cidade consiga ser exótica e muito calma ao mesmo tempo.

Chegados à base do monte, toca a deixar a bicicleta e começa a subida. Nós subimos pelo lado menos turístico da cidade, descemos pelo lado oposto. Aconselho vivamente, pois verão bem de perto a vida simples do povo Lao. A partir de certa altura, têm também uma sequência de monges dourados em múltiplas posições, assim como alguns locais dedicados à meditação.


Início da subida

"Casario" do monte




Wat Phol Phao, ao fundo



Buda deitado, outdoor version...

"zapping" de budas é que é!



Phu Si, sim é isto e um micro-templo que estão no topo. Ah, e as vistas! Mencionei AS vistas??

Por do Sol, rio Mekong
Indescritível!


Idem

Vista para o lado de onde subimos

Mais uma:)

Os preços são agradáveis, a comida e a cerveja ainda mais:) Fica uma foto do jantar do primeiro dia, no Blue Lagoon Restaurant, um dos melhores junto à marginal do rio Mekong.



O dia seguinte foi planeado antecipadamente, de forma a aproveitar a nossa estadia em Luang Prabang. Existem duas quedas de água relativamente conhecidas na vizinhança da cidade, mas em direcções opostas: Tad Sae e Kuang Si. Praticamente todos os agentes turísticos organizam tours a ambas mas normalmente as tours são de manhã, pelo que teoricamente serão necessários 2 dias para as visitar.

Assim, comecei as buscas por um operador que fizesse as 2 no mesmo dia e lá encontramos a "Lao Discovery Tours" que fazia as 2 num só dia. Ainda assim, viríamos a ter a dita viagem organizada pelo nosso magnífico hotel "Le Bel Air Boutique Resort" em detrimento da companhia que não conhecíamos. O preço ficou ligeiramente acima do exigido pela agência turística mas assim tínhamos um tuk-tuk só para nós, sem restrições de horário.

Assim, lá fomos de manhã às cascatas de Tad Sae, na nossa opinião mais bonitas e exóticas. Estas localizam-se a poucos kms da cidade, sendo necessário percorrer a parte final do percurso por barco, rio acima. São apenas uns minutos mas que deixam logo a sensação de estarmos num mundo "diferente".






 As cascatas, escondidas por entre a vegetação, são denunciadas pela discreta entrada de água no rio:





 Chegados ao local, fomos imediatamente orientados para um dos principais motivos que nos trazia a Tad Sae:

O Elefante

 Tad Sae tem um pequeno mas importante centro de preservação da espécie, historicamente utilizada como "mão de obra" mas recentemente ameaçada quer pela utilização abusiva da dita "mão de obra" - geralmente na desflorestação, quer pela caça furtiva. O bilhete é barato e sem dúvida que vale a pena investir alguns Kip neles, pois o passeio por Tad Sae é inesquecível.
 Assim, a passeata inicia-se primeiro por entre as árvores e prossegue já na água, nas cascatas propriamente ditas:







 Não se esqueçam de combinar com o guia algum tempo para um mergulho no final da manhã, quando o calor já começa a apertar:







Terminada a visita a Tad Sae, regressamos ao nosso tuk-tuk e seguimos então caminho para Sul, para visitar a mais imponente mas também mais turística cascata de Kuang Si.Se algumas fotos encontradas na rede deixarem a impressão de que elas são similares, não passa mesmo disso: uma (falsa) impressão. As primeiras são significativamente mais pequenas e na época seca podem mesmo ter muito pouca água, não sendo sequer possível tomar banho nelas. Como já foi dito e como podem comprovar pela foto acima, encontram-se dispersas pelo meio das árvores e de alguns passadiços de madeira construídos sobre elas. Já Kuang Si, apresenta uma queda de água significativa, com várias piscinas naturais no seu sopé.






Dia de "folga" dos monges 


Apesar da altura significativa da mesma, a vista do cimo é-nos subtraída por umas "precárias" barreiras de segurança e pela vegetação em si. Não deixa no entanto de valer a pena a subida pelo contraste entre as águas calmas que parecem repousar no cimo da mesma até se precipitarem vertiginosamente até ao seu sopé.




 Hora de regressar a Luang Prabang pois faltava o mais importante: "o pedido" ao por do Sol :D



Um barco só nosso, no "nosso" Mekong
Marginal de Luang Prabang



Seguido de jantar à luz de velas e lanternas à beira-rio, no nosso hotel...


...e culminando a nossa visita a Luang Prabang na madrugada seguinte com a Ronda das Almas, altura em que os monges - a maioria crianças - vem recolher oferendas pela manhã, que serão a sua alimentação nesse dia:




Algo memorável, pese o facto de não conseguirmos ficar indiferentes a alguns vermes que se auto-intitulam de turistas que não conseguem ter qualquer respeito pelos monges e sua tradição, fotografando-os a centímetros dos seus olhos e obrigando-os mesmo a desviar-se deles enquanto os bombardeiam com flashes. Não custa nada ficar do outro lado da estrada, fazer zoom e tirar as fotos que apetecer sem flash, pois afinal de contas já é dia...

"Resquícios" dos colonizadores
 Passeio por um mercado local (para locais e não para turistas) no regresso ao hotel:



Caranguejos no centro, bem presos!
Variedade de cogumelos





Peixe Fresco

Peixe Seco
Rãs
Enguias 
Cobrinha fresquinha, fresquinha!

"Talho"

 Eu disse que o dia ia ser preenchido, não disse?:p 

Lá regressamos ao hotel, onde resgatamos as mochilas e seguimos para a central de camionagem lá do sítio. Partíamos dentro de pouco tempo para Vang Vieng, infeliz e contrariamente ao planeado, já sem regresso a Luang Prabang, a cidade mais mágica e exótica onde já estivemos.

 Kop Chai Luang Prabang!