13/04/17

Myohyang-san


O nosso último destino na Coreia do Norte foi Myohyang-san ou "Montanha da Misteriosa Fragrância". Foi também o dia em que acordamos mais cedo pois supostamente a estrada principal estaria intransitável. No entanto, rapidamente percebemos que afinal não iríamos seguir por um caminho alternativo mas sim pelo caminho normal, que afinal de contas apenas tinha o trânsito limitado por terem sido intervencionadas as juntas de um viaduto. Nada que um punhado de notas no bolso do soldado que "guardava" o dito viaduto não tenha resolvido.

Esta região montanhosa a norte de Pyongyang, parte da reserva mundial da biosfera da UNESCO desde 2009, é conhecida não só pelas vistas mas também pelo Poyhon-sa, um dos mais importantes templos budistas do país, obra da dinastia Koryo que data do século XI.


Esta foi a primeira atracção que conhecemos nesse dia e não desapontou: os jardins encontravam-se impecavelmente cuidados, o templo bem conservado e ainda tínhamos um monge budista como "guia" do templo propriamente dito.








Após a visita ao templo, fomos levados a almoçar ao recentemente renovado Hotel Hyangsan. Esta é uma das unidades hoteleiras de luxo do país, que desde a chegada ao poder de Kim Jong Un tem investido no turismo.




Depois do almoço prosseguimos então para o centro de Exibição da Amizade Internacional, onde são guardados e expostos os presentes de dignatários estrangeiros que foram sendo dados aos sucessivos líderes do país. O imponente edifício, que funde elementos arquitetónicos tradicionais coreanos com o classicismo soviético, é uma sucessão de corredores e salas com expositores dedicados a países de todo o mundo, incluindo Portugal.

Se alguns dos nossos presentes foram oferecidos por "grupos de estudo" do Kimilsunismo, há também nomes mais sonantes, como o de Ramalho Eanes. No entanto, os países que se destacam são mesmo a China e a Rússia, tendo esta última oferecido vários carros e comboios blindados aos vários líderes do país e, imagine-se, um avião particular que se encontra exposto dentro do edifício! Apesar de a sua liderança ser recente, há já salas dedicadas a Kim Jong Un e estes dois países dominam quase por completo o rol de ofertas. Infelizmente não é possível fotografar o interior do edifício, pelo que não há registo fotográfico da visita. 

Foto com a guia local
A visita termina numa relaxante varanda virada para as montanhas, onde são servidos cafés e chás em confortáveis sofás verdes já gastos pelo tempo.


É aqui na tranquilidade destas montanhas, longe da bela mas austera Pyongyang e da simpática Kaesong, que é mais difícil imaginar que a Coreia do Norte seja simplesmente aquilo que nos apresentam. Não deixa de ser estranho que num momento de tensão como o actual, em que paira no ar a ameaça de um ataque preventivo na eventualidade de mais um teste nuclar nos dias em que este celebra o nascimento do seu primeiro presidente, se comente que a China e até mesmo a Rússia estejam de costas voltadas para a Coreia do Norte. Os imensos presentes e as fotos de visitas regulares de delegações de ambos países à Coreia do Norte presentes na exposição indiciam o contrário mas uma visita à Coreia do Norte é mesmo isto: nunca sabemos o que é real e o que é propaganda. Terminamos a nossa visita ao país com muitas mais questões do que respostas, mas sem dúvida com uma imagem de um país melhor e mais desenvolvido do que esperávamos. Que a paz se mantenha por muitos e longos anos, pois se há coisa que não tenho dúvidas é que os coreanos, de ambos lados do paralelo 38, dispensam outra guerra.


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